13 - Fundação e Terra


Título da edição original: Foundation and Earth
Capa: A. Pedro
Tradução: Elsa T. S. Vieira
Revisão: A. Marques
Copyright: 1986 por Nightfall Inc.
Livros do Brasil: Janeiro 2002

Sinopse:
Isaac Asimov, uma das figuras máximas da literatura de ficção-científica do século XX, nasceu em Petrovitchi, na Rússia, a 02 de Janeiro de 1920, e morreu em Nova Iorque, no ano de 1992. Tendo emigrado desde muito cedo para os E.U.A. (a família abandona a União Soviética em Janeiro de 1923), estudou na Universidade de Columbia, onde se formou em bioquímica, que aliás chegou a leccionar na Universidade de Boston. Escreveu variadíssimas obras de divulgação, mas ficou a dever a sua popularidade aos romances de ficção-científica e, em particular, a "Foundation" (a saga genial que redigiu ao longo de quatro décadas, entre os anos de 1942 e 1982), de que a presente obra constitui a peça final, e que ficará como um dos clássicos do género.
A trilogia da Fundação recebeu um Prémio Hugo especial, como a Melhor Série de Ficção Científica de sempre, e "No Limiar da Fundação" obteve um Prémio Hugo como o Melhor Romance de Ficção Científica de 1982. Ao próprio autor seria, em 1988, atribuído o Prémio dos Grandes Mestres da Ficção Científica. "Fundação e Terra" é o quinto romance desta série. 

A história por trás da "Fundação"

Em 1 de Agosto de 1941, quando eu era um rapaz de vinte e um anos, estudava Química na Universidade de Columbia e escrevia ficção-científica, profissionalmente, há três anos. Estava cheio de pressa para falar com John Campbell, editor da revista "Astounding", a quem já vendera nessa altura cinco histórias. Estava ansioso por lhe contar uma nova ideia que tivera para uma história de ficção-científica. 
Essa ideia  era escrever um romance histórico do futuro; contar a história da queda do Império Galáctico O meu entusiasmo devia ser contagioso, pois Campbell ficou tão excitado como eu. Não queria que eu escrevesse apenas uma história. Queria uma série de histórias, nas quais seria delineada a história completa dos mil anos de perturbação entre a queda do Primeiro Império Galáctico e a ascensão do Segundo Império Galáctico. Seria tudo iluminado pela ciência da "psico-história", que Campbell e eu debatemos exaustivamente entre ambos. 
A primeira história surgiu na edição de Maio de 1942, da "Astounding" e a segunda no número de Junho de 1942. Tornaram-se imediatamente populares e Campbell tratou de que eu escrevesse mais seis histórias antes do fim da década. E as histórias tornaram-se mais longas. A primeira tinha apenas doze mil palavras. Duas das últimas três histórias tinham cinquenta mil palavras cada.
Quando a década acabou eu estava a ficar cansado da série, ficou de lado e avancei para outras coisas. Nessa altura, no entanto, várias editoras estavam a começar a publicar livros de ficção-científica. Uma dessas editoras era uma empresa semi-profissional, a Gnome Press. Publicaram a minha série da Fundação em três volumes: "Fundação" (1951), "Fundação e Império" (1952) e "Segunda Fundação" (1953". Os três livros passaram a ser conhecidos como "A Trilogia da Fundação".
Os livros não se saíram muito bem, pois a Gnome Press não tinha o capital necessário para os publicitar e promover. Não recebi por eles nem extractos bancários nem direitos de autor.
No princípio de 161, o meu editor da altura na Doubleday, Timothy Seldes, disse-me que tinha recebido um pedido de uma editora estrangeira para reeditar os livros da Fundação. Uma vez que não eram livros da Doubleday, transmitiu-me o pedido. Eu encolhi os ombros.
- Não estou interessado, Tim. Não recebo direitos de autor por esses livros.
Seldes ficou horrorizado e tratou imediatamente de obter os direitos dos livros junto da Gnome Press (que estava, na altura, moribunda), e, em Agosto desse anos, os livros (juntamente com "Eu, Robot") tornaram-se propriedade da Doubleday.
A partir desse momento a série da "Fundação" descolou e começou a ganhar cada vez mais direitos de autor. A Doubleday publicou "A Trilogia" num único volume e distribuiu-o através do "Clube do Livro de Ficção-Científica". Graças a isso, a série da "Fundação" tornou-se imensamente conhecida. 
Na Convenção Mundial de Ficção-Cientifica de 1966, em Cleveland, pediu-se aos fãs que votassem na categoria de "Melhor Série de Todos os Tempos". Foi a primeira vez (e, até agora, a última) que essa categoria foi incluída nas nomeações para os Prémios Hugo. A "Trilogia da Fundação" ganhou o prémio, o que aumentou ainda mais a popularidade da série.
Cada vez mais, os fãs pediam-me que continuasse a série. Eu era delicado, mas recusei sempre. No entanto fascinava-me que, pessoas que ainda não tinham nascido quando a série começara, conseguissem ficar apanhadas por ela.
A Doubleday, contudo, levou essas exigências mais a sério do que eu. Tinham-me feito a vontade durante vinte anos, mas, à medida que as exigências continuavam a crescer em número e intensidade, perderam finalmente a paciência. Em 1981, disseram-me que eu simplesmente tinha de escrever outro romance da "Fundação" e, de forma a adoçar a exigência, ofereceram-me um contrato com dez vezes o meu adiantamento normal.
Com nervosismo, aceitei. Tinham passado trinta e dois anos desde que escrevera uma história da "Fundação", e agora pediam-me que escrevesse uma com 140.000 palavras, o dobro de qualquer um dos volumes anteriores e quase três vezes mais do que todas as histórias anteriores. Reli a "Trilogia da Fundação" e, respirando fundo, mergulhei na tarefa.
O quarto livro da série, "No Limiar da Fundação", foi publicado em Outubro de 1962, e depois aconteceu uma coisa muito estranha. Surgiu imediatamente na lista dos livros mais vendidos do New York Times. Na verdade, permaneceu nessa lista mais vinte e cinco semanas, para meu espanto absoluto. Nunca me tinha acontecido algo assim.
A Doubleday contratou-me imediatamente para fazer mais romances, e escrevi dois que faziam parte de outra série, "Histórias de Robots". E depois, era altura de regressar à "Fundação".
Assim, escrevi "Fundação e Terra", que começa no preciso momento em que "No Limiar da Fundação" acaba, e esse é o livro que têm agora nas mãos. Pode ajudar se derem uma vista de olhos a "No Limiar da Fundação", apenas para refrescar a memória, mas não é absolutamente necessário. "Fundação e Terra" é uma história em si. Espero que a apreciem.

Isaac Asimov
Nova Iorque, 1986